Atenção às pessoas
O coronel Eugênio Moretzsohn, que atua como consultor de segurança e inteligência da Federação das Indústrias de Santa Catarina, falou a empresários de Jaraguá do Sul sobre os cuidados com o vazamento de informações sigilosas. Recomendou que, antes de pensar em tecnologia, as empresas cuidem de seus funcionários.
O especialista em operações de inteligência da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e Agência Brasileira de Inteligência falou sobre espionagem e contraespionagem industrial.
Não é só uma empresa ou um órgão público que estão sujeitos à ação criminosa. O ser humano é o elo mais fraco em qualquer corrente da segurança. Para criar um organismo de segurança interna é necessário um processo quase de evangelização, em que se busca uma consciência quanto a valores que precisam ser preservados, e a discrição é um deles, orienta.
Na vida comum, estamos vulneráveis em um almoço na praça de alimentação de um shopping, onde às vezes falamos alto; num evento onde o álcool nos deixa mais sujeitos a falar além da conta; e até em conversas descontraídas com amigos, explica.
No ambiente empresarial, um dos problemas mais comuns é com o turnover, que é a rotatividade nas empresas. Embora seja um processo normal no mercado de trabalho, segundo ele é preciso atenção. As empresas devem fazer um monitoramento, pois muitas vezes um funcionário sai ressentido do antigo trabalho e passa a ser um alvo fácil para os operadores da espionagem profissional.
DICAS DO CONSULTOR
1. Fazer diagnóstico da situação, avaliação de riscos e planejamento de ações preventivas.
2. Adotar programa de educação de segurança continuado (norma ISO 27001), que estabelece diretrizes para o setor.
3. Implantar medidas efetivas de segurança orgânica (restrições a uso de equipamentos como filmadoras, câmaras fotográficas etc.).
4. Criar um núcleo de inteligência em sua estrutura (radar corporativo) e manter atenção a áreas de risco de sabotagens (linhas de fabricação, laboratórios etc.).
5. Credenciar os funcionários em sintonia com a sensibilidade das informações.
6. Eleger comitê multidisciplinar de segurança formado por funcionários para disseminar e monitorar internamente.
7. Adotar a função de compliance na organização (regras de condutas éticas e de confiabilidade).
8. Estimular o desenvolvimento do senso de pertencimento nos trabalhadores para que se sintam comprometidos com o sigilo de informações.
9. Estabelecer padrões de exigência quanto ao sigilo profissional na contratação e orientar para a utilização das redes sociais com discrição e sabedoria em todos os ambientes.
10. Aperfeiçoar o processo seletivo na contratação de funcionários.
11. Implementar práticas de acompanhamento nas novas contratações (padrinhos que orientam os colegas entrantes por um tempo).
12. Adotar a técnica da compartimentação, evitando que um funcionário tenha acesso a informações de todo o processo (na indústria química e farmacêutica, de bebidas e alimentos, por exemplo).
13. Adotar protocolos de segurança em eventos e viagens.
Fonte: A Notícia – Claudio Loetz - 28.02.2018
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