1.  
  2.  
  3.  
  4.  
  5.  
  6.  
  7.  
  8.  
  9.  
  10.  
  11.  
  12.  
  13.  
  14.  
  15.  
  16.  
  17.  
  18.  
  19.  
  20.  

CRESCE ROTATIVIDADE da mão de obra na indústria de SC

05 de novembro de 2018
CRESCE ROTATIVIDADE da mão de obra na indústria de SC

Santa Catarina é o sexto Estado com maior rotatividade de mão de obra na indústria. Em agosto deste ano – que é o período com informação mais atualizada -, o percentual de troca de trabalhadores foi de 4,4% do total de funcionários. O dado é 26% superior à média nacional para o mesmo mês: no Brasil, o percentual é de 3,5%. O número referente à economia catarinense também é maior do que o da média dos três Estados do Sul, que marca 3,9%. Santa Catarina aparece atrás apenas de Roraima, Espírito Santo, Distrito Federal, Rondônia e Mato Grosso. Os números constam de amplo estudo feito pelo Observatório da Indústria, estrutura vinculada à Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc).

Igualmente, a rotatividade expressa o grau de descontentamento dos empregados com o seu local de trabalho. Neste sentido, informação muito importante do estudo indica que, neste ano, mais de um quarto dos funcionários pediu para sair das empresas onde trabalhavam.

Menos competitividade

Esta realidade é negativa e expõe a fragilidade das relações trabalhistas em nosso Estado. A situação também contribui para a redução da competitividade e reforça a ideia de que o compromisso das partes é com o curto – no máximo com o médio – prazo. Acrescente-se que a constante mudança de profissionais nas empresas implica exigência de treinamentos para os que chegam, acarretando menor produtividade, ao menos nos primeiros meses de trabalho.

Pouco mudou

Quando se considera a rotatividade apenas na indústria de transformação catarinense, percebem-se duas coisas: o índice de 2018, de 4%, é somente 0,1 ponto percentual abaixo do de 2014, quando cravou 4,1%. A lembrar que 2014 foi o ano em que se desencadeou a crise econômica, com forte recuo da produção e do PIB. Mas o número de 2018 é superior aos dos anos de 2015 e 2016, quando atingiram 3,3% e 3,7%, respectivamente, com o ano de 2017 repetindo o ano imediatamente anterior.

Esta evolução anual da rotatividade se explica pelo fato de que a crise econômica aguda diminuiu o total de gente empregada nestes anos. Desde 2014, havia muita gente desempregada, e essa circunstância permitiu às empresas fazerem as mexidas no seu quadro de pessoal, recrutando parcela dos sem-emprego por salário menor, na clássica forma para forçar a queda de custos com a folha.

Trabalhadores pedem para sair

Outra informação muito significativa diz respeito ao tipo de desligamento de trabalhadores. Do conjunto desse tipo de dados, impressiona o aumento de 59% no número de pessoas que pediram demissão. Em 2015, o percentual dos que deixaram seus empregos por conta própria, em busca de novos desafios no linguajar corporativo, era de 17% do total das dispensas; em 2018, já ultrapassa um quarto do total, com 27% de todas as demissões realizadas.

O índice vem subindo ano a ano. Em 2016, eram 22%, e no ano seguinte, já chegava a 25%. Isso quer dizer que cresceu, ao longo dos últimos quatro anos, o descontentamento do trabalhador com o seu emprego. A resultante é a busca feita pelos empregados por melhores condições de trabalho e salários. Além disso, a impaciência dos trabalhadores jovens para a construção de carreira e sua inquietude por desafios novos e constantes contribuem para o aumento espontâneo dos pedidos de desligamentos.

Tem lógica esse movimento constatado pelas indústrias: a recente melhoria da economia, com o surgimento de milhares de novas oportunidades de trabalho recuperadas, animaram as pessoas a trocar de emprego. Outro número importante do estudo indica crescimento do total de acordos entre empresas e trabalhadores para a dispensa. Neste ano, são 4% do total; nos três anos anteriores, o percentual era praticamente nulo, estatisticamente. Apenas 1% dos desligamentos ocorre por justa causa.

Por segmentos

No Estado, o setor da construção de edifícios lidera o ranking de rotatividade, seguido pela área conexa de serviços para construção e obras de infraestrutura. Negócios em segmentos como vestuário e borracha e plástico, que são intensivos em mão de obra, também apresentam índice elevado de rotatividade. Em compensação, as indústrias metalúrgicas e de máquinas e aparelhos elétricos têm os percentuais mais baixos. A tabela 1 mostra isso. E não há surpresas.

Os motivos

É lógico que a maior rotatividade ocorra nos segmentos de construção civil. Historicamente, isso acontece. É a área onde os serviços são sazonais e onde há maior velocidade de contratar ou demitir funcionários. Exatamente porque o volume de serviços é incerto e depende estritamente da percepção de como será a economia nos meses seguintes, já que o produto – as construções de prédios e outros tipos de empreendimentos – são lançados e erguidos tendo em vista essas perspectivas.

Só um ano

O estudo também chama a atenção para mais um dado revelador da realidade: metade (exatamente 50%) das dispensas dos funcionários na indústria de transformação catarinense ocorre após 12 meses de trabalho. Isto é prejudicial às empresas porque perdem, rapidamente, conhecimento técnico de funcionários sobre atividades e rotinas. No varejo, o percentual de dispensas é ainda mais significativo, como se vê na tabela 2. Mesmo o índice de trocas de pessoal após completar três anos de trabalho – de 21% – é elevado. Significa a substituição de um quinto do total de empregados num período relativamente curto de tempo.

Fonte: A Notícia – Claudio Loetz – 02.11.2018

 
 


somos afiliados: