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Emprego a CONTA-GOTAS

19 de janeiro de 2016
Emprego a CONTA-GOTAS

O ano de 2016 começou com o gosto amargo do desemprego para muitas famílias joinvilenses. Com o fechamento de quase 7 mil vagas em 2015, centenas de pessoas já estão batendo à porta das agências de recrutamento, mas as oportunidades são poucas. Saiba o que está guiando as contratações neste início de ano.

A história do trabalhador que perdeu o emprego na indústria e abriu o próprio negócio. Confira, também, as dicas do Sebrae para quem quer se tornar empreendedor e a análise da Fiesc para o setor que mais influencia o nível de emprego em Joinville.

Gibran Massabni acorda cedo, ajuda os filhos nos estudos e prepara o almoço. Durante a semana, pratica musculação e corrida. As tarefas domésticas, o convívio com a família durante o dia e o maior cuidado consigo mesmo fazem parte de uma nova rotina que o profissional descobriu quando deixou a indústria.

Após décadas trabalhando em uma grande empresa de Joinville, onde alcançou postos de gestão, Gibran entrou para a estatística dos 7 mil joinvilenses que perderam o emprego em 2015 por causa da crise.

O profissional também representa um grupo, menor, daqueles que conseguiram recomeçar. Com a demissão, finalmente concretizou o projeto de se tornar empreendedor. A ideia rondava seu pensamento desde 2003, mas com um bom emprego, não queria arriscar.

Nos últimos anos, porém, Gibran sentia que a cada dia se encaixava menos nas mudanças de processos e equipes que a organização promovia. A reação imediata foi a de se retrair angustiado, até que resolveu adotar postura mais positiva. Passou a enxergar na saída iminente a possibilidade de tirar o projeto de consultoria do papel. O dia chegou em 4 de abril de 2015.

– A demissão me deu a chance de correr risco – afirma.

Antes e depois da demissão, Gibran teve o apoio de profissionais que o ajudaram no processo de autoconhecimento e elaboração do plano de negócio. Ele uniu a experiência, os recursos da rescisão e as capacitações recentes para empreender e mergulhou de cabeça na estruturação de sua consultoria de gestão de projetos e de inovação durante todo o ano de 2015. Descanso, só no período de festas.

– Agora, tenho férias todos os dias –brinca, se referindo à qualidade de vida.

No decorrer do ano, a euforia com o novo negócio deu lugar, em alguns momentos, à preocupação e à ansiedade quando, após muito esforço, nada acontecia. Gibran não desistiu. A Simplix Consultoria e Sistemas começa 2016 com três clientes e um estagiário. Bom começo para Gibran, que aos 50 anos exibe aquele entusiasmo típico de início de carreira.

Consultoria de graça

Gibran Massabni não é o único a sonhar com o negócio próprio e a buscá-lo como alternativa ao desemprego. O coordenador regional do Sebrae, Jaime Dias Júnior, diz que tem feito vários atendimentos a candidatos ao mesmo caminho. Janeiro costuma ser um mês bem movimentado e, com a crise, as consultas devem se intensificar, segundo ele. Destacam-se os candidatos a microempreendedor individual (MEI),interessados nas áreas de confecção e cosméticos.

– Não podemos dizer que em momentos de crise não se empreende, nesta hora é que surgem oportunidades. Mas quem era empregado em grande empresa recebeu Fundo de Garantia e quer empreender, tem que ter algum cuidado e fazer o plano de negócio. Começar pelo que entende. Franquias também são oportunidades de investimentos mais seguras para quem não tem experiência de empreendedorismo – diz o coordenador.

Quem pretende abrir um negócio, seja ele qual for, pode pedir ajuda ao Sebrae. A entidade oferece consultoria de graça em horário comercial. E auxilia também quem já é empreendedor e precisa rever o planejamento estratégico ou financeiro também. Em Joinville, a sede fica na rua Blumenau, 835, bairro América. Gibran passou por lá algumas vezes.

Cenário desafiador

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Corte, diz que o ano de 2015 foi um dos piores para o emprego no País e no Estado. Confira o que ele pensa para 2016.

Fechamento de vagas

De janeiro a novembro de 2015, o setor privado no Estado fechou mais de 30 mil vagas de trabalho. O Brasil gerou mais de 1 milhão de desempregados, e isso reflete pesado na economia e nas famílias.

2016

Nossa expectativa é de continuidade do processo de deterioração do mercado do trabalho. Devemos ter, sobretudo no primeiro semestre, queda no nível de emprego, pois, além de termos uma economia em recessão, o setor produtivo vai sentir os efeitos da elevação de contribuição sobre a folha de pagamento.

Balança comercial

O Brasil só teve saldo na balança comercial em 2015 por causa da queda das importações. Em Santa Catarina, a queda nas importações deveria ajudar, gerando um movimento de se produzir localmente porque ficou caro importar, mas isso não aconteceu ainda.

Talvez a partir deste ano poderemos verificar a troca de produtos importados por catarinenses, e isso tende a ajudar um pouco a produção local. É importante destacar que o peso de nossa importação é insumo para usar no processo produtivo e, com o seu encarecimento, as indústrias tendem a sentir aumento dos custos.

Medidas

Temos que ter medidas de estímulo à geração de empregos e isso passa pela retomada do investimento, especialmente de obras de concessão, obras de logística do País. Se o Brasil conseguir avançar nessa questão, o ambiente começa a melhorar.

Mensagem

O pior do ambiente recessivo é não acreditar que somos capazes de superar, e assumir posição de encolhimento, conformismo com a crise. É preciso reagir, olhar para dentro, melhorar a produtividade do trabalhador, aproveitar para investir na capacitação dos profissionais. Certamente, vamos superar a crise e temos que estar preparados para retomada.

Empresas fazem mudanças estratégicas

Neste início de ano adverso, as empresas realizam pequenas mudanças nas equipes, com dois objetivos: substituir profissionais por outros com custo menor ou por especialistas que podem fazer a diferença, explica o diretor de comunicação da ABRH-SC, Pedro Luiz Pereira. Segundo ele, é o que acontece na área comercial.

Como as empresas não conseguem expandir as vendas, o jeito é tentar “roubar” mercado da concorrência, o que exige uma área comercial forte. Nesta hora, as lideranças questionam a competência dos profissionais da casa e, às vezes, há troca ou ampliação do número de profissionais.

As organizações também estão olhando para dentro de casa, tentando encontrar formas de aumentar a produtividade e reduzir custos e a busca inclui encontrar no mercado profissionais de tecnologia, que se destacam em softwares para melhoria de processos, e aqueles especializados em gestão de orçamento.

Na agência de recrutamento Meta RH, as poucas oportunidades corporativas concentram-se em vagas técnicas e de analistas. Fora deste ambiente, a coordenadora de recrutamento e seleção, Giselle Arntz, ressalta que há procura por trabalhadores que se destacam em serviços gerais como encanador, pintor ou roçador de grama.

Na fábrica, muita procura, pouca oferta

A pouca oferta de emprego na área de produção contrasta com o número de profissionais que desde o início de janeiro batem à porta das agências de recrutamento. Muitos foram demitidos no primeiro semestre do ano passado e o seguro-desemprego já terminou, explica Giselle Arntz, da Meta RH.

Na RH Brasil, o cenário não é diferente. A agência recebe de 600 a 700 candidatos por dia, a maioria com perfil operacional. E na disputa por uma vaga, vale a pena comparecer com o currículo. A psicóloga da RH Brasil, Aline Crivelli, explica que, antes de oficializar a vaga nos meios formais, é feita uma consulta rápida na portaria para checar se algum candidato da fila se encaixa. A seleção pode ocorrer ali mesmo.

Um receio comum de quem trabalhava na indústria é migrar para outro ramo de atividade, visto como algo que poderia “sujar a carteira”. Segundo especialistas, devido ao cenário de crise, este receio perde força porque o empregador entenderá que foi a única opção que restou.

Para o diretor da ABRH-SC, Pedro Luiz Pereira, 2016 vai ser um ano difícil.

– Os que estão empregados devem mostrar resultado. Quem está desempregado tem que ter persistência e estudar a possibilidade de ir para outra cidade. Não dá para pensar, nesse momento tem que abraçar, pois está difícil abrir vagas de acordo com a expectativas.

Cenário é de marcha lenta

A decisão da rede Condor de abrir 400 vagas para fevereiro no supermercado em construção em Joinville representa uma das poucas oportunidades de emprego neste início de ano. O município foi quem mais demitiu trabalhadores em Santa Catarina de janeiro a novembro do ano passado, cerca de 7 mil, e os especialistas não conseguem prever quando estas vagas serão repostas. As ofertas são pontuais.

Isto acontece porque a cidade tem perfil industrial, com muitas empresas ligadas ao setor de bens duráveis (como automóveis e eletrodomésticos) e ao de produção (como máquinas e equipamentos), fortemente atingidos pela redução da atividade econômica no País.

De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Côrte, as empresas podem realizar novas demissões neste primeiro semestre se o cenário econômico não melhorar.

Nas duas primeiras semanas de janeiro, o Centro de Apoio aos Trabalhadores (Cepat) de Joinville encaminhou mil pedidos de seguro-desemprego. O diretor executivo Mário José Leal estima que o mês deve terminar com número semelhante ao de novembro último, quando houve 1,7 mil pedidos.

O dado não significa fechamento de vagas, pois o profissional pode ter sido substituído, mas é um termômetro do momento, quando se observa que não há faixas de empresas anunciando contratações, diz Leal.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Material plástico, Silvio de Souza, contabiliza 50 demissões nas duas primeiras semanas de janeiro, menos do que nos últimos meses. Para Silvio, as empresas já fizeram os ajustes de quadro em novembro e dezembro. Ele não acredita em novas demissões até final de março em função do período de estabilidade que antecede o dissídio da categoria, em abril.

Fonte: A Notícia – Negócios & Cia.

 
 


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