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A fórmula de quem chegou lá

26 de março de 2013
A fórmula de quem chegou lá

Para a Inplac, a excelência é filha do foco na vocação

Em 39 anos de estrada, a catarinense Inplac conquistou o status de última palavra no Brasil em sacos coex como os valvulados, como provam inclusive suas sucessivas v itórias anuais, por eleição do mercado, na categoria de embalagens para o agronegócio do Prêmio Plásticos em Revista (PPR).

Em seu estilo direto ao ponto, Roberto Marcondes de Mattos, diretor presidente da Inplac, descortina nessa entrevista o seu empenho em não mexer no talento da Inplac para sacos multicamada, comenta tentações em seu ramo, como descentralizar a produção (hoje na faixa de 2.550 t/mês em Biguaçu) através de filiais, e mantém o radar ligado em atributos para diferenciar e valorizar suas embalagens.

PR – A Inplac fez nome entre os principais consumidores nacionais de PEBD. Segundo consultorias, em cerca de 4 anos deve esgotar-se a capacidade brasileira da resina e ela não figura no projeto duvidoso do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), tem baixa oferta no restante da América Latina e poucos anúncios de aumento da produção no resto do globo. Qual a estratégia da Inplac perante esse cenário?

Mattos – O caminho estratégico da INPLAC para a não-dependência de PEBD iniciou-se há mais de 10 anos com o desenvolvimento de blendas alternativas junto a seus fornecedores. Tal movimento foi seguido pelo mercado em geral, a ponto de o consumo de PEBD ter reduzido drasticamente no Brasil. Em 2012, aliás, essa resina teve aumento de 17% no preço de venda enquanto o do tipo linear (PELBD) subiu 25%.

PR – Qual o impacto sobre os custos da Inplac em 2012 causados pelo aumento da alíquota de importação de PE, a partir de setembro, e qual a expectativa para este ano?

Mattos – 4%.

PR – Para aguçar as exportações, a Inplac mantém escritório comercial nos EUA. Como anda a competitividade da empresa para exportar overseas suas bobinas de sacos diante dos preços mais altos de matéria-prima nacional, energia etc?

Mattos – A competitividade diminuiu mais pelo fator cambial do que pelos demais custos internos.

PR – Já que montou escritório de vendas nos EUA, por quais motivos não aproveita essa bagagem para produzir flexíveis no país, desfrutando o PE mais barato pela rota do shale gas?

Mattos – O escritório de vendas cumpre apenas atividades administrativas e burocráticas. Não temos interesse estratégico no curto prazo para a instalação de uma unidade produtiva no EUA.

PR – Como avalia a rotatividade do chão de fábrica da Inplac nesses últimos três anos e o aumento da incidência dos gastos de pessoal sobre os custos da empresa?

Mattos – Nos últimos três anos, a rotatividade manteve- se nos mesmo níveis dos exercícios anteriores. Houve sim, um declínio no quadro do chão de fábrica, por conta da otimização da gestão da produção. Ela permitiu a redução de um turno de trabalho em algumas células da fábrica. O aumento da incidência dos gastos de pessoal sobre os demais custos da empresa (a mão de obra representava 16% dos custos de fabricação em 2006 e fechou em 23% em 2012) foi o que alavancou a otimização da gestão da produção buscando elevar os níveis de produtividade bem como o lançamento de produtos com maior valor agregado.

PR – Crescem as preocupações com o despreparo do pessoal na transformação. Qual a estratégia para reter nos quadros da Inplac a mão de obra qualificada e como procura reciclar os conhecimentos do chão de fábrica?

Mattos – A retenção da mão de obra buscada através de uma política de cargos, salários e benefícios, administração participativa e atividades sociais e esportivas visando o envolvimento de todo o quadro de pessoal. Os conhecimentos do chão de fábrica são reciclados através da célula de trabalho voltada aos chamados Programas de Gestão. Eles prevêem treinamentos periódicos.

PR – Cada vez mais concorrentes da Inplac abrem filiais em regiões afastadas da sede. Contra a corrente, a Inplac continua centrada em Biguaçu. Isso não a tem deixado logisticamente mais vulnerável à ofensiva de competidores em praças mais distantes?

Mattos – Aproximadamente 85% das entregas de produtos acontecem nas regiões sul e sudeste, o que deixa a localidade de Biguaçu relativamente confortável em relação à distribuição atual. No entanto, a criação de nova(s) unidade(s) (s) em outra(s) localidade(s) não é uma alternativa descartada.

PR – Acha que as atuais barreiras protecionistas do Brasil devem ou não ser perenizadas para filmes de PE com base na esperada ofensiva em poucos anos de artefatos de PE dos EUA e México, escorados em PE mais barato devido ao shale gas? Ou acha que o Brasil deveria abrir sua economia de modo que os transformadores daqui possam, como os do mundo desenvolvido, internacionalizar sua cadeia produtiva importando matéria-prima com reduzida alíquota de importação?

Mattos – A Inplac é favorável a qualquer medida que equalize os níveis de competitividade no custo de matérias- primas e permita a livre concorrência. Monopólios e oligopólios são danosos a qualquer economia.

PR – De acordo com o balanço financeiro da Inplac referente ao ano de 2011, a receita operacional líquida total diminuiu em -0.21%, de R$ 147,500.88 mil para R$ 147,188 mil. O resultado operacional diminuiu de R$ 11,796.05 mil para R$ 997 mil o que significa -91.55% de mudança. Qual, o desempenho registrado em 2012 e o que esperar de 2013?

Mattos– 2012 deverá apresentar um número parecido com o de 2011. Já 2013, com o lançamento de produtos de maior valor agregado e otimização da gestão da produção, o faturamento deve crescer na ordem de 5 a 10% e os resultados devem apresentar melhora significativa, na casa dos 50%.

PR– Com base no seu esforço de P&D, quais as inovações que a Inplac introduziu no mercado brasileiro nos últimos 5 anos, nos seus segmentos de sacos convencionais, industriais e coextrudados?

Mattos – Os avanços englobaram redução da espessura com ganhos na resistência mecânica e, entre as embalagens, o saco Valvoplac laminado para a construção civil e os sacos de múltiplas paredes Ecoplac para agronegócio e MPQ, valvulado para o segmento químico. A tecnologia multiparede adiciona resistência mecânica aos filmes com consequente redução de peso das embalagens.

PR – Como enxerga a Inplac no reduto de sacos coex e pet food?

Mattos – A participação de produtos para o mercado pet food é pequena nos negócios da Inplac, por opção da empresa. Atuamos em alguns campos com pequenas participações para permanecer atualizados quanto aos artigos, técnicas produtivas e seus mercados.

PR – Por quais motivos a Inplac, na trilha de vários concorrentes, não estende o braço na conversão ?

Mattos – Por motivos estratégicos e não é o nosso foco.

PR – Pretende investir este ano na capacidade instalada?

Mattos– Não. Hoje em dia, nossa capacidade de consumo de resinas é de 85 t/dia.

PR – Quais os principais lançamentos reservados para este ano?

Mattos – Ecoplac Premium e Vertplac Ecopremium para o agronegócio; Bisnagaplac e Valvoplac Premium para a construção civil e Roll Stock USA para jardinagem. Para 2014, já está acertada a introdução do saco de uma tonelada Bagplac.

PR – A Inplac é tradicional indústria de controle familiar. Deve continuar ou não assim após a gestão do Sr.?

Mattos – Estamos estudando a profissionalização da gestão.

Fonte: Plásticos em Revista

 
 


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